segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O que você acharia da vida sem uma televisão em casa?

familia_sem_TV (Foto: Arquivo pessoal)
Na casa de Alessandra Araújo, 33 anos, e Luís Gustavo Guadalupe Silveira, 32, em Uberlândia (MG), não tem televisão na sala. Há apenas um aparelho no quarto. Pais de Yuri, 6, e Luana, 3, o casal tomou uma decisão inusitada há cerca de dois meses: parar de assistir à televisão diariamente.
O excesso de propaganda nos canais infantis e o conteúdo violento dos telejornais foram alguns dos motivos que os levaram a tomar essa medida. Mas a reflexão do casal sobre educação e que tipo de vida levar começou logo depois que se tornaram pais. “Reduzir a televisão foi apenas um ponto nessa mudança de estilo de vida”, diz Alessandra, que é psicóloga, doula e orientadora de um grupo de gestantes.
A ideia surgiu durante as férias dos filhos, em julho, inicialmente apenas em um fim de semana. “Foram dois dias muito gostosos em que inventamos muita coisa para fazer: jogo de tabuleiro, brincadeira de roda, jardinagem”, conta Alessandra. Depois desse primeiro teste bem-sucedido, ela e o marido, que é professor do ensino médio técnico, cancelaram o plano de assinatura da TV a cabo.
Ao postarem sobre o “experimento” no Facebook, os amigos ficaram tão curiosos que sugeriram ao casal criar um blog. E assim surgiu “O Rato que Sai da TV”, endereço em que Alessandra e Luís Gustavo escrevem reflexões sobre o tema e contam o dia a dia depois que decidiram reduzir o uso da TV.
Mesmo que a televisão não tenha mais um lugar de destaque, isso não significa que foi excluída totalmente da vida das crianças. Em casa, Alessandra e Luís Gustavo liberam o videogame e DVDs (principalmente vídeos de dança e desenhos animados) cerca de três vezes na semana, incluindo sábado e domingo. Com esse tipo de conteúdo, a publicidade fica de fora. E quando não estão em casa? “Não tem como escapar. Eu explico às crianças que é uma regra que vale em casa”, diz a mãe. Como vão para a escola à tarde, os filhos já se acostumaram a acordar de manhã e procurar outras atividades para fazer em vez de ligaram a TV, como era hábito. Alessandra percebe que Luana raramente sente falta, mas que Yuri é um pouco mais resistente, mesmo assim, nem tanto quanto ela imaginava que seria, “visto a ‘paixão’ do garoto pelos desenhos”. Os dois desenham e pintam, correm atrás da cadela Otsu e frequentam aulas de dança.

Alessandra conta que a rotina não é mais fácil sem a TV. E que até ela precisa lidar com as mudanças. Em um post do blog, ela conta sobre um “deslize”: “Sábado que passou eu tinha que sair cedo para um curso. Acordei para me arrumar, Yuri acordou junto. Gu e Luana continuavam dormindo. Enquanto preparava o café, Yuri pediu para ver um filminho. Deixei pensando que assim ficaria mais fácil de eu me arrumar para o curso. Outra vez, foi pior! Estava sozinha com as crianças, elas acordaram e eu ainda com muito sono... elas, em cima da minha cama, me cutucando, tentando me acordar. E eu sugeri: Por que não vão ver desenho?”. Mesmo com uma reclamação ou outra, porém, a experiência tem sido muito proveitosa, na opinião do casal. “Não sei como será no futuro, mas no momento, não está sendo tão sacrificante quanto achamos que seria”, conta Alessandra.
Como usar a televisão com equilíbrio

Você não quer excluir a televisão, mas também se preocupa com o que seu filho assiste – e com o tempo que ele passa na frente do aparelho? Confira algumas dicas para não exagerar no uso da TV:

1. Para saber a medida certa da televisão, compare com o tempo que seu filho dedica a outras atividades, como brincadeiras (sozinho e com outras crianças), leituras, estudo e visitas à casa da avó, por exemplo. Essas experiências influenciam positivamente no desenvolvimento dele.
2. O ideal é evitar a TV na hora de comer. Seu filho ainda está aprendendo a se comportar durante as refeições e a usar os talheres. Portanto, é melhor que a televisão não seja uma distração.
3. Se você não quer a criança o dia todo em frente à TV, não passe o domingo inteiro em frente à tela, em um programa após o outro.
4. Assista televisão junto com seu filho. Aproveite para comentar sobre o conteúdo dos programar e explicar sobre a publicidade: diga que ele não pode ter todo brinquedo mostrado nos anúncios e que nem tudo mostrado pela propaganda é real.
5. O hábito de ver TV juntos ainda tem mais uma vantagem: os vínculos que se estabelecem nesses momentos são importantes para o desenvolvimento físico e emocional das crianças.
6. Evite programas que mostrem conteúdo violento, o que pode gerar fantasias inadequadas e ansiedade nas crianças.
7. O caráter educativo de alguns programas não é razão suficiente para permitir que a criança passe quanto tempo quiser diante da TV. Esses programas são, de fato, os mais indicados, mas o controle deve ser feito também nesse caso.
8. A televisão não pode substituir o contato físico com familiares ou amigos. É apenas um meio de entretenimento e informação - e não uma “babá” que mantém as crianças entretidas.

9. Ter um aparelho no quarto não precisa ser proibido, mas nesse caso deve haver mais “fiscalização”. Dê autonomia para seu filho assistir desenhos animados e jogar videogame, mas fique por dentro da programação que ele segue na TV e dos jogos com os quais brinca.

10. Está no trabalho e não acompanha o que seu filho vê o dia todo? Quando chegar em casa, pergunte o que ele assistiu, diga do que gostou ou não, peça que conte a história.
Fonte: Crescer

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