terça-feira, 12 de junho de 2012

Estruturado a partir de soluções construtivas especiais, o projeto permitiu edificar o centro administrativo em curto espaço de tempo


Espelho d’água na praça de convívio, junto ao térreo do bloco administrativo
Espelho d’água na praça de convívio, junto ao térreo do bloco administrativo
Em menos de um ano, surge a “pedra criada”
Projetado pelo escritório Piratininga Arquitetos Associados, o Centro Administrativo Raízen (CAR), no Parque Tecnológico de Piracicaba, SP, foi construído em menos de 12 meses. Mais do que no apelo estético - embora, sob esse ponto de vista, o resultado seja também interessante -, o partido está estruturado em soluções técnicas que permitiram atender, em curto espaço de tempo, à demanda do cliente.
As obras do Centro Administrativo Raízen (CAR), em Piracicaba, interior de São Paulo, foram concluídas no início de 2011, mas o prédio permaneceu desocupado por cerca de dois meses.
A explicação para a vacância temporária foi a falta de tempo hábil para adquirir e instalar o mobiliário necessário à ocupação.
O arquiteto Gustavo Partezani, do escritório Piratininga Arquitetos Associados, estúdio responsável pelo projeto, acredita no entanto que para esse descompasso contribuiu também certa descrença do cliente quanto ao cumprimento do prazo estabelecido para o término dos trabalhos.
De fato, atender às exigências de tempo - a construção foi iniciada dois meses depois de o escritório ter se incumbido do projeto - não foi exatamente uma empreitada fácil.
Mais ainda porque o prédio deveria satisfazer critérios que permitissem pleitear a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), atestando sua sustentabilidade.
A “pedra colocada” no terreno tem no piso mais baixo o estacionamento e no pavimento superior o restaurante e cozinhas, entre outros espaços
A “pedra colocada” no terreno tem no piso mais baixo o estacionamento e no pavimento superior o restaurante e cozinhas, entre outros espaços
Da face sul do edifício, quase completamente transparente, observa-se a distância o rio Piracicaba
Da face sul do edifício, quase completamente transparente, observa-se a distância o rio Piracicaba
Face norte, com aberturas restritas. O rasgo recebeu vidro de alto desempenho
Face norte, com aberturas restritas. O rasgo recebeu vidro de alto desempenho
As técnicas construtivas escolhidas, mesclando concreto moldado no local, elementos pré-fabricados de concreto e componentes metálicos (nas áreas de circulação vertical, por exemplo), combinaram-se ao partido adotado para fazer o trabalho chegar a bom termo.
Situado num dos lotes da gleba onde está sendo implantado o Parque Tecnológico de Piracicaba, junto à rodovia SP-147 e próximo do rio Piracicaba, o Centro Administrativo Raízen tem em planta a forma retangular, e em corte revela dois volumes lado a lado, separados por um vazio.
Os autores idealizaram um bloco técnico no qual concentraram a infraestrutura necessária ao atendimento das áreas de trabalho, que ficam no bloco a ele alinhado. O afastamento entre ambos funciona como uma espécie de chaminé para exaustão de calor.
Na implantação, os autores direcionaram para o norte a fachada mais extensa do bloco técnico, minimizando, porém, suas áreas de abertura. Há nela apenas um rasgo envidraçado e um grafismo vazado numa faixa dos painéis de fechamento em toda a extensão da empena.
Dessa forma, a construção cria um anteparo à insolação e à entrada de calor nas áreas de escritórios no volume ao lado. O bloco administrativo, por sua vez, possui a face mais longa (sul) com elevado grau de transparência, permitindo que, na maior parte das áreas dos andares, se observe o entorno, o que inclui a vista do rio.
Internamente, o grafismo nos painéis de concreto coincide com a copa/convivência
Internamente, o grafismo nos painéis de concreto coincide com a copa/convivência
O espaço vazio entre os dois volumes funciona também como barreira térmica
O espaço vazio entre os dois volumes funciona também como barreira térmica
A parte da edificação destinada à administração é constituída pelo piso térreo e mais dois andares, que foram equacionados com elementos pré-fabricados de concreto.
Com o uso de estrutura metálica na cobertura, no andar mais alto foi possível retirar a linha central de pilares e conferir maior flexibilidade para a organização do layout.
Os três pavimentos são complementados pelas instalações do refeitório e da garagem, posicionados em cotas inferiores e resolvidos com uma estrutura de concreto moldado in loco.
É a essa estrutura que Partezani se refere quando menciona a “pedra” que foi colocada no terreno, configurando um complemento para a base do conjunto (o que pode ser observado no corte), uma vez que, também em razão do prazo, a proposta arquitetônica evitou maiores movimentações de terra. Deslocada em relação ao eixo da porção superior do conjunto, a “pedra criada” realça a plasticidade da edificação.

Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 385 Março de 2012

José Armênio de Brito CruzGustavo PartezaniGastão SalesUm dos sócios do escritório Piratininga Arquitetos Associados, o arquiteto José Armênio de Brito Cruz (FAU/USP, 1984) é o atual presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil/Departamento de São Paulo.


Gustavo Partezani (EESC/USP, 1999) é mestre pela FAU/USP (2008) e colabora com o Piratininga desde 2004.




Gastão Sales (UFC, 1996), cursou mestrado pela FAU/USP (2005) e é colaborador do escritório desde 2007.
Áreas de circulação vertical foram resolvidas com elementos metálicos
Áreas de circulação vertical foram resolvidas com elementos metálicos
Espaço de conexão entre o bloco técnico e o administrativo
Espaço de conexão entre o bloco técnico e o administrativo
Através do vazio, a luz natural chega às áreas de trabalho
Através do vazio, a luz natural chega às áreas de trabalho


Fonte: Arco Web

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