quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nova casa de shows em São Paulo foi implantada onde funcionava cinema da década de 1950 no bairro da Liberdade

Foram preservados os elementos decorativos que caracterizam a ambiência kitsch do Joia
Foram preservados os elementos decorativos que caracterizam a ambiência kitsch do Joia
Música resgata Joia da colônia japonesa
A julgar pelo histórico de projetos concebidos nos últimos anos pelo arquiteto Marcos Paulo Caldeira, o bairro da Liberdade, em São Paulo, está prestes a ingressar no roteiro de um público moderninho, habituado a frequentar a nobre região dos Jardins ou a zona sul da cidade. É, ao menos, o que promete a abertura da casa de espetáculos Cine Joia, em novembro passado, na até então pacata praça Carlos Gomes.
A nova casa de shows em São Paulo foi implantada em uma construção inaugurada em 1952, onde funcionou o Cine Joia, ponto de encontro da colônia japonesa em São Paulo naquela década, para assistir a filmes produzidos em seu país de origem.
O arquiteto Marcos Paulo Caldeira empreendeu um trabalho de resgate dos materiais e elementos decorativos originais que resistiram a anos de abandono, iniciado por volta de 1980, e às atividades de igreja e até estacionamento de veículos que o imóvel abrigou posteriormente.
Piso de tacos, barrados de ripa contornando todo o salão principal, assim como as arquibancadas dos camarotes superiores, a cor verde da fachada e dos interiores, e os apliques e faixas sobressalentes de gesso são os elementos com que o arquiteto lidou em seu projeto.
A fachada foi parcialmente restaurada, resgatando-se a tonalidade verde das pastilhas que a reveste
A fachada foi parcialmente restaurada, resgatando-se a tonalidade verde das pastilhas que a reveste
É na interação da luminotécnica com o decorativismo restaurado que reside a identidade do projeto, moderno e retrô ao mesmo tempo
É na interação da luminotécnica com o decorativismo restaurado que reside a identidade do projeto, moderno e retrô ao mesmo tempo
O antigo salão do cinema, transformado no espaço de apresentações musicais, ocupa praticamente toda a área de projeção do imóvel.
O acesso ocorre quase que imediatamente a partir da rua - exceto pelo pequeno hall lateral de entrada -, o que faz da fachada um importante elemento de comunicação da identidade arquitetônica.
Nela, foram restauradas as pequenas pastilhas cerâmicas na tonalidade verde e inserido um barrado de ladrilho que reproduz um desenho ampliado do mapa de São Paulo.
Há uma série de grafismos na face externa do imóvel, o que se repete em sua área interna.
As aberturas do caixa têm a forma de diamante
As aberturas do caixa têm a forma de diamante
 
O hall de entrada foi demarcado pela luminária especial, feita com formato de diamante vazado
O hall de entrada foi demarcado pela luminária especial, feita com formato de diamante vazado
O salão em forma de concha, por exemplo, é circundado por duas paredes de pé-direito duplo, demarcadas pela malha diagonal desenhada pelas faixas contínuas de apliques de gesso.
Esse é o cenário que circunda o palco de madeira, cujo escalonamento original foi recuperado em par com o forro acústico.
Esses elementos preservados, de linguagem quase kitsch até, interagem com a luminotécnica e projeções luminosas a eles superpostas.
Dependendo da intensidade da luz e do tipo de grafismo projetado nas grandes paredes laterais, a referência da malha diagonal dos frisos de gesso chega a desaparecer.
Já no andar superior, as antigas arquibancadas do cinema foram agregadas, de três em três, em novos patamares de concreto, que funcionam como camarotes.
Eles reproduzem o piso de madeira existente no térreo e têm mobiliário produzido pela loja de design Micasa, inspirado em desenho criado por Charles e Ray Eames.
A organização caótica da edificação deu margem à criação de descontraídas salas reservadas, como camarins, pista privativa e até uma área aberta para fumantes.
Nelas, destaca-se a arte urbana e mural do artista Frank Dezeuxis, colaborador do projeto. O resultado é uma colagem de referências diversas, tanto de estilo quanto de tempos.

O piso de madeira foi restaurado e complementado nas novas lajes dos camarotes
Pinturas murais do artista Frank Dezeuxis interagem com o decorativismo da casa, como nesta pequena sala de dança, de uso privativo
Pinturas murais do artista Frank Dezeuxis interagem com o decorativismo da casa, como nesta pequena sala de dança, de uso privativo
Detalhe da interação das imagens luminosas com os nichos das paredes laterais do salão principal
Detalhe da interação das imagens luminosas com os nichos das paredes laterais do salão principal
Imagens cruzadas e mutantes, provenientes de dois projetores, recobrem os nichos das paredes laterais do palco
Imagens cruzadas e mutantes, provenientes de dois projetores, recobrem os nichos das paredes laterais do palco
Pinturas murais do artista Frank Dezeuxis interagem com o decorativismo da casa, como nesta pequena sala de dança, de uso privativo


Fonte: Arco Web

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