terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Casa de Veraneio flutua sobre mar de morros da serra da Mantiqueira

Cabos de aço fecham o vão do guarda-corpo
Apoiado em oito pilares, pavilhão enfrenta o abismo
Situada no sul de Minas Gerais, próximo da divisa com São Paulo, a casa de veraneio parece flutuar sobre o mar de morros da serra da Mantiqueira. O projeto dá continuidade à pesquisa residencial realizada pelo arquiteto Mauro Munhoz com a colaboração do engenheiro Hélio Olga, que calcula as estruturas de madeira e se responsabiliza por sua execução.
O desejo do casal de clientes era escolher, dentro da gleba, um local em que a vista fosse o elemento de maior atração. Logo o encontraram: uma diminuta planície junto a duas nascentes. Diante de inclinações para todos os lados, aquele pequeno sítio plano era bem-vindo para a ocupação humana. Havia um problema: dentro de um raio de 50 metros das nascentes, a legislação ambiental não permite construções. A ousada solução encontrada por Mauro Munhoz foi implantar a casa fora da planície mas na mesma cota, como se a estivesse ampliando de forma artificial. Por isso, a residência se projeta para o abismo, apoiada em oito pilares de madeira, com vãos de cinco metros. Diante de tal apuro técnico, “o proprietário me perguntava: ‘Não podemos apoiá-la em apenas um pilar?’, conta Munhoz.
Nos dormitórios, os pilares também estão recuados da quina
A casa é uma extensão da pequena planície
disposição interna do pequeno pavilhão, coberto por telhado de duas águas, é muito simples. A planta é simétrica: a porção central destina-se ao estar/cozinha e em cada uma das duas extremidades há uma suíte. A simetria, a organização da planta e a transparência do ambiente central lembram projetos que contaram com a participação de Hélio Olga, como a casa em Carapicuíba, do escritório Una Arquitetos. Já a estrutura, a cobertura e os pormenores da casa de Gonçalves são completamente distintos.
A diferença das duas extremidades, o estar/cozinha possui balanço de cinco metros em direção ao abismo. Para essa interessante solução, a estrutura de cumaru conta, no piso, com o auxílio de mãos francesas (que parecem replicar de forma espelhada a inclinação das tesouras) e, na cobertura, com tirantes metálicos. Além disso, possui no sentido transversal uma espécie de treliça japonesa, que ajuda a configurar o balanço. “É uma viga armada que nunca tínhamos usado”, relata Hélio. O resultado desse esforço: ambas as quinas do espaço de estar ficam livres de pilares, potencializando a vista para os montes.
Mauro Munhoz é daqueles arquitetos contemporâneos que não têm medo de telhados de duas águas. Pelo contrário, sua pesquisa arquitetônica não se limita a coberturas com uma água ou planas - dois elementos clássicos entre os modernos. A exemplo de Wright e do velho Bratke, duas de suas referências, ele se aventura em soluções diversas. Em Gonçalves, o arquiteto usou telhas de vidro e um grande beiral para separar os dois telhados e, ao mesmo tempo, criar um desenho interessante e captar luz zenital para o interior do maior ambiente da casa.
Os dormitórios ficam nas extremidades da edificação
Vista de alguns ângulos, a residência parece assentada no terreno
Mãos francesas ajudam a estabilizar o balanço
A madeira da estrutura é totalmente advinda de áreas de manejo sustentável. “Para ser certificada, há necessidade de uma empresa certificadora, e estamos nesse caminho”, relata Hélio Olga. Atualmente, Munhoz está desenhando um edifício de escritórios sustentável em São Paulo. “Se bem aplicado, o conceito de sustentabilidade dará condição e visibilidade necessárias para o arquiteto retomar o domínio do projeto”, ele avalia. “Não podemos perder essa oportunidade.”


A cozinha integra o ambiente central
A viga armada da cobertura ajuda a tirar pilares das duas quinas de vidro...
...mesma função exercida pelos tirantes
O principal motivo do esforço estrutural foi manter a vista
Vista de um dos sanitários

Fonte: Arco Web

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